Num ambiente seco, gélido e bem outonal, as paredes graníticas da casa onde o escritor viveu alguns dos seus últimos dias, com os seus pertences pessoais bem expostos e melhor explicados, transportaram-nos para o século XIX. Sabiam que gostava de escrever de pé? E quando somos surpreendidos pela presença afável, simpática e conversadora da D. Maria da Graça, senhora de 91 anos e esposa de um dos netos de Eça, sentimos que valeu a pena madrugar e enfrentar o frio sentido ao longo da N108.
E foi graças a eles e mais alguma pesquisa e leitura que hoje nos identificamos com todos os detalhes descritos pela cicerone Patrícia – bonita e eloquente – ao longo das salas, capela, lagar, cozinha e quartos da fabulosa quinta sobre o rio Douro.
Sem estória? Quase. Apesar do ritmo permitir que um ciclista bem treinado tivesse acompanhado a caravana, e nunca a rota ter fugido da N108, houve quem se perdesse... Tal facto faralhou as voltas às visitas e respectivos horários. Mas com algum improviso e golpes de rins, tudo se normalizou para rentabilizar a manhã.
Conforme programado, enquanto um grupo visitou a Fundação, o Artur levou de moto os restantes motociclistas por um roteiro de 25 km, descendo à estação da CP de Tormes/Caldas de Aregos, para que melhor se apreciasse a região.
Esta, se nos abstraírmos do casario descaracterizado (até há prédios de vários andares nestas encostas...), dos eucaliptos, cimentos desordenados e fabriquetas em mundo rural, ainda conseguimos sentir algo que Eça muito bem descreve em “As cidades e as serras”. Ainda há carvalhos seculares, solares, casas graníticas, murinhos de pedra e calçadas sob bosques, e linhas de água que descem furiosamente entre pomares para o Douro. Com os dois grupos reunídos após as duas visitas, tirou-se a foto obrigatória onde quase se podem ouvir as barrigas a roncar. Estava na hora do garfo e faca, principalmente após, na própria cozinha da casa (onde já se preparava o almoço para a D. Maria da Graça) nos terem descritos as famosas refeições queirosianas, onde o arroz de favas é rei.
Infelizmente não tivemos favas à mesa, mas o lombo estava muito bom, principalmente a segunda leva, no restaurante Almocreve, próximo.
A sala, quente, bem decorada e acolhedora fez com que muitos lá ficassem após o repasto. Ainda lá estarão?
Mas este terminou da melhor forma, com salvas de palmas à ALTIS, generosa apoiante do evento com mais de 300 euros em prémios sorteados pelos participantes.
Bonés, lenços, t-shirts, luvas e produtos de limpeza para moto saíram do restaurante com novo dono. Mas bom mesmo foi a camisola polar que saiu à Alice do Luciano e o capacete Nolan, agora propriedade da Cristina do Rui Magalhães!
O regresso fez-se de forma descontraída. Uns pela 108, outros pelo Marco. O Inverno está a chegar e o dia anoiteceu rápido. Agora vamo-nos preparar para os Pinguins e até lá... Um Santo Natal!
Fotos em breve, agradecendo desde já aos fotógrafos de serviço, Valente, Paulo Esteves, Zagallo e Jorge Meireles! Não há do interior da casa pois não há permissão para tal (apenas cozinha e exteriores). Saboreou quem lá esteve. (texto MotoClube do Porto)
(O Regresso)
(Rui Marinho da Filipe Motoshow, a MV Agusta Brutale 1090 e Nexx)
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