quinta-feira, 30 de junho de 2011

13º Lés a Lés

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Os sorrisos rasgados dos participantes na chegada a Lagoa, verdadeiro prémio para a organização do 13.º Portugal de Lés-a-Lés/Moviflor, são a melhor forma de caracterizar a edição de 2011 da maior maratona mototurística da Europa. Aventura exponenciada pela intensa canícula que acompanhou a longa caravana desde Mogadouro, em traçado que exultou a beleza raiana. Mas onde não faltaram surpresas, estórias e muita animação.


Aventura renovada a cada ano que passa, o Portugal de Lés-a-Lés não se repete! E o de 2011 revelou mesmo uma enorme surpresa. Ou melhor: várias e divertidas surpresas. O percurso, mesmo num País de dimensões compactas, é sempre diferente, como diversas são as condições que o emolduram em cada edição. Para este ano, a Comissão de Mototurismo da Federação de Motociclismo de Portugal tinha prometido um trajecto de forte pendor turístico, onde a imponência da paisagem podia ser devidamente apreciada a velocidades ainda mais serenas, e a relevância histórica testemunhada em estratégicas paragens.


E cumpriu o prometido, mesmo se o calor, no mais quente fim-de-semana do ano, com temperaturas a ultrapassar os 40.º C, aumentou as exigências de um percurso que busca o que de mais genuíno Portugal tem para oferecer. Das gentes à gastronomia, passando pelas belezas naturais e arquitectónicas, motivos mais que suficientes para os participantes, no mais puro espírito de descoberta, ultrapassarem as dificuldades de um trajecto pitoresco, sempre por estradas nacionais, municipais e mesmo alguns caminhos de terra batida, fugindo às incaracterísticas auto-estradas, Itinerários Principais ou Complementares mesmo às sempre controversas SCUT.
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Motards do Ocidente instalaram portagem na Ponte do Ervedal 
Claro que, se os caminhos forem atravessados por uma linha de água, tanto melhor! Obrigada a abdicar da travessia do rio Sabor, a organização manteve a passagem pela Ribeira da Seda, ponto de acrescida excitação que, apesar da pouca água, ajudou a combater o calor na passagem pela Herdade do Monte Redondo. Onde os MotoXplores ofereceram momento único, com percurso muito variado, no mesmo local onde ajudam muitos motociclistas a apurar a condução em pisos de terra, algo que muito agradou ao «dakariano» Paulo Marques, presença assídua no Lés-a-Lés. E que na retemperadora paragem, para dois dedos de conversa e uma água fresca, forma de combater o omnipresente calor, muitas dicas ofereceu aos menos experientes.


Calor que tornou escaldante uma aventura de 961,6 quilómetros de extensão, ligando o Nordeste Transmontano ao Barlavento Algarvio, sempre na zona fronteiriça, em deslumbrante cenário que mais parecia saído de filmes dos tempos de antanho. Onde singelas e simpáticas aldeias nasciam, inesperadamente, por entre paisagens de intensa magnitude, ora desafiando a imponência dos graníticos vales nortenhos, ora enquadradas no leve ondular das planuras alentejanas. E sempre pontuado por igrejas, pelourinhos e castelos, marcos indeléveis de uma história rica, cravejada de episódios que reforçam o orgulho lusitano a cada página de um road-book que é entusiasmante enciclopédia.
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Deputados Miguel Tiago e Rodrigo Ribeiro na travessia da Ribeira da Seda 
Ponto de partida para uma aventura que, uma vez mais, contou com entusiasmante colaboração de 16 motoclubes, responsáveis por momentos surpreendentes e, por vezes, hilariantes. Dos agricultores em Gouveia, logo no início da primeira etapa, aos pseudo-repórteres de várias estações televisivas, da SIC à TVI, que esperavam a caravana junto à Subida Impossível do Moto Clube de Albufeira, passando pelos homens (e mulheres...) das cavernas em Penha Garcia, ou os clérigos no alto da Senhora da Penha, último controlo antes de Castelo de Vide, muitas foram as oportunidades para uma gargalhada e uma fotografia.


Fotografias também com os actores Vítor Norte, João Lagarto e Alexandre Silva, famosos estreantes neste 13.º Portugal de Lés-a-Lés/Moviflor, que não pouparam esforços para assinar dezenas e dezenas autógrafos. Também eles ficaram rendidos aos encantos de um evento único e às partidas dos motoclubes. Como a exigente e divertidamente sinalizada subida preparada pelos MotoGalos de Barcelos, ao topo do Castelo de Vila do Touro, ou as inusitadas portagens erigidas pelos Motards do Ocidente à saída da ponte de Ervedal, réplica à escala da lisboeta Ponte 25 de Abril. E onde não faltava sequer um «Cristo Rei», num dos mais elogiados postos de controlo secretos.
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Vítor Norte espalhou boa disposição 
Com surpresas quase à saída de cada curva, graças às espectaculares e imponentes paisagens como pela magnitude de monumentos históricos, os participantes sustinham a respiração sempre que adivinhavam a presença de um dos 20 «picas» que, de ao longo de todo o trajecto, furaram as tarjetas de controlo. E se os Vespistas do Norte deixaram muitos a pensar com teria uma Vespa e respectivo condutor sofrido tão aparatoso «acidente» em pleno lamaçal, já em St.ª Clara-a-Velha, muitos foram os que aproveitaram o controlo em plena travessia do rio Mira para mais um refrescante mergulho. Com roupa e tudo...


Temperaturas que motivaram cuidados redobrados da organização, autarquias e motoclubes, na preparação das refeições, procurando combater o calor. E se Mogadouro surpreendeu com muito aplaudido bulho com cascas, no Sabugal foi uma agradável salada fria, servida com enorme simpatia e eficácia, enquanto na Vidigueira até os muitos espanhóis presentes elogiaram o gaspacho. Sopa fria, com pimento, pepino, tomate, alho, orégãos, azeite, vinagre e pão servida em agradável espaço ajardinado, com muita sombra, retemperador para a continuação de tão escaldante como entusiasmante travessia até Lagoa.
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Caminho de terra na barragem de Penas Róias
Para cobrir todas as necessidades dos aventureiros maratonistas, o programa contemplou até, imagine-se, roteiros que ajudaram a fazer melhor a digestão dos almoços, com visita a Monsanto no primeiro dia, a aldeia que continua a justificar o estatuto (conquistado em 1938!) de ser a mais portuguesa de Portugal, e às ruínas de S. Cucufate, antiga quinta agrícola romana, após a refeição a meio da segunda etapa. E que muito alento deu para chegar até ao Algarve, procurando as praias do sul, em final de mais uma portentosa aventura.


Para o ano, há mais. De 7 a 9 de Junho...
texto e fotos : motociclismo.pt

1 comentário:

  1. No site da Motociclismo onde retiramos este texto existem vários comentários de pessoas que participaram e não ficaram contentes com o evento. Não os vamos mostrar aqui mas estão disponíveis no site da Motociclismo.

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